Sindicatos em Ação - Edição 19 - Março de 2016 - page 4

4
|
sindicatos em ação
| março 2016
Paulo Skaf
crédito: Ayrton Vignola Jr. /Fiesp
Até agora, o governo não apresentou nenhuma
sequência lógica e coerente de ações que apon-
tem para um horizonte de recuperação. Vivemos
a maior crise das últimas décadas, e as empresas
não conseguem ver o que vai acontecer com suas
demandas. Obviamente, uma empresa sem de-
manda atrasa investimento, desliga funcionários
e não pode fazer planos de longo prazo.
A insegurança é geral. As pessoas se perguntam:
“O que vai acontecer com meu emprego? Como
será este ano? O que vai acontecer com o país?”.
Com medo de um futuro incerto, as empresas não
têm confiança para investir. O consumo é dimi-
nuído, caem os serviços e a produção. Crescem
a inflação, o desemprego e a pobreza no Brasil. A
taxa de desemprego no segundo trimestre do ano
passado foi de 8,3%. Uma previsão para este ano
já atinge dois dígitos.
Ninguém tem resposta sobre o que vai ocorrer
nos próximos meses. E a iniciativa do governo
– que não fez seu dever de casa cortando custos
e despesas supérfluas e produziu um rombo de
mais de R$ 130 milhões nas contas em 2015 – é
propor a volta da CPMF!
É espantoso que o cidadão que vê seu salário sen-
do corroído pela inflação, teme não conseguir
arcar com as despesas até o final do mês e ainda
sofre o risco de perder o emprego, tenha que pa-
gar o pato. O Brasil já tem uma carga tributária
altíssima, que chega a quase 37% do PIB , e nem
de longe o Estado devolve ao cidadão em serviços
o que ele paga em impostos. A provar isso, estão
aí a péssima infraestrutura de locomoção e trans-
portes e os indigentes serviços de saúde e educa-
ção oferecidos à população.
O que sabemos é que o Brasil precisa de coman-
do, de ações ativas, de corte de custos, de comba-
te à corrupção, de incentivo aos investidores, de
revisão de tributos. Não podemos aceitar que o
governo coloque a CPMF goela abaixo dos bra-
sileiros dividindo o custo de sua incompetência
com todos aqueles que acreditam no Brasil.
O crescimento econômico de nosso grande país
é feito pelo empreendedor e pelo trabalhador.
O governo é coadjuvante nisso e precisa apenas
deixar os outros trabalharem, cumprindo as suas
obrigações, sem atrapalhar. Temos grandes desa-
fios pela frente e vamos vencê-los, pois o Brasil
já enfrentou muitas crises e conseguiu superá-las.
Somos maiores do que a crise. Mas é preciso res-
taurar a credibilidade e fazer com que os brasilei-
ros voltem a acreditar que é possível haver gover-
nos sem corrupção e autoridades comprometidas
com o desenvolvimento do Brasil.
Paulo Skaf
Presidente da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp), e do Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo, (Ciesp).
1,2,3 5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,...36
Powered by FlippingBook