Sindicatos em Ação - Edição 19 - Março de 2016 - page 9

março 2016 |
sindicatos em ação
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Antonio Carlos Teixeira Álvares
www.
siniem
.org.br
Frequentemente o conceito da inovação está associado
a laboratórios e cientistas, investimentos em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) e a tecnologias de ponta. Po-
rém, as empresas podem incentivar a inovação a partir
do envolvimento de todos os funcionários.
Esta nova abordagem é o foco do artigo publicado em
janeiro na revista internacional The Canmaker, especia-
lizada em embalagens metálicas, de autoria de Antonio
Carlos Teixeira Álvares, presidente do Siniem (Sindica-
to Nacional da Indústria de Estamparia de Metais).
Também professor da Fundação Getúlio Vargas em
São Paulo , Teixeira destaca que a cultura da organi-
zação pode ser moldada para construir o que na aca-
demia é conhecido como “meio inovador interno” .
“Inovação é mais uma questão de cultura do que de
dinheiro”, afirma.
Programas de sugestões dos funcionários é o ponto
central analisado no livro Idea-Driven Organization,
de autoria dos professores norte-americanos Dean
Schroeder e Alan Robinson, lançado em 2014 nos
EUA onde se tornou best-seller. Este livro analisa
dezenas de casos de sistemas de sugestões de alto
desempenho que demonstram a eficácia do concei-
to implantado inicialmente no Japão pela companhia
Toyota em 1951. Os autores afirmam que, nas empre-
sas que mantêm sistemas de sugestões de alto desem-
penho, 80% dos resultados de melhoria tiveram ori-
gem em ideias do pessoal da linha de frente, e apenas
20% do pessoal administrativo. Porém são raras as
empresas guiadas por ideias. Por que?
“O motivo está na questão cultural. Geralmente os
dirigentes do alto escalão, em especial os CEOs, são
profissionais muito bem preparados que tendem a
não perceber muito valor nas ideias do pessoal de
linha de frente, especialmente os de chão de fábri-
ca. Muitos consideram o programa de ideias mais
como um instrumento para melhoria do clima orga-
nizacional do que uma ferramenta para o aumen-
to da produtividade. Esse é um equívoco grave pois
aqueles que estão na operação do dia a dia enfrentam
os problemas que ocorrem na base da empresa e que
costumam estar fora do ângulo de visão da alta admi-
nistração”, alerta Teixeira.
Por ter atuado como superintendente por quase 40
anos em uma empresa líder na fabricação de latas,
Teixeira vivencia a concorrência de outros materiais
de embalagem com a lata de aço. A partir de meados
do século XX, com o surgimento de novas soluções
de embalagem, o mercado das latas de aço foi sen-
do reduzido. “Novos usos e novos mercados se apre-
sentam para a indústria que amadurece e se mantém
inovando”, observa Teixeira. “Não apenas latas, mas
muitos outros setores maduros da indústria podem
obter desempenho superior quando implantam um
sistema de gestão de alto desempenho, e se tornam
“organizações guiadas por ideias”.
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também é uma
questão de cultura
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