Sindicatos em Ação - Edição 20 - Maio de 2016 - page 19

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Diante dos números surge a pergunta: o que espe-
rar de 2017? Para o gerente do Depecon, Guilherme
Moreira, existe uma esperança de melhora, apesar
da situação estar muito difícil. “É a pior crise da his-
tória do país. Em nenhum momento houve quedas
tão grandes da atividade econômica desde 1930.”
Por outro lado, explica, a indústria está em uma
situação pior ainda, já que enfrenta o terceiro ano
consecutivo de queda. “Nos últimos três anos a
indústria perdeu mais de 20% em seu nível de
produção. Isso signi ca que recuamos ao nível de
produção de 2004. Estamos falando em mais de
12 milhões de desempregados na economia bra-
sileira no nal de 2016. Ou seja, é um desastre”.
Sair dessa situação é a grande preocupação geral.
Moreira diz que o primeiro passo é recuperar a
con ança tanto das famílias quanto dos empresá-
rios, para que as famílias voltem a consumir e os
empresários a investir. “Temos um grupo de pro-
blemas, que são os velhos problemas da economia
brasileira, mas que carammais urgentes por conta
da crise, como Previdência, Reforma Tributária e a
questão dos gastos públicos, estes de curto prazo.
Agora se não resolvermos essa questão da con an-
ça o mais rápido possível, a atividade econômica
não retoma. Logo, a recuperação passa por uma
mudança da condução da política econômica.”
A I N D Ú S T R I A
Toda a indústria de transformação sofreu muito
com a crise, mas sempre existem aqueles setores
que registram desempenho pior. Analisando a
produção industrial o setor automobilístico pode
não ser o que mais acumulou perdas, mas em ter-
mos de importância para a economia acabou sen-
do o destaque, já que possuí peso muito grande na
atividade industrial, com uma grande quantida-
de de fornecedores. “Então quando ele para, um
monte de gente para junto. A cadeia dele é muito
longa, o que gera um efeito muito signi cativo”,
comenta Moreira.
O maior problema da cadeia é que se trata de
uma produção de bens duráveis, que são caros
e dependem muito do crédito. A combinação de
taxas de juros elevadas, inadimplência alta e fa-
mílias receosas, faz com que os bens duráveis se-
jam os que mais sintam, logo, deverá demorar um
pouco para eles retornarem, diz o economista.
Alguns setores com o pé na exportação, explica
o gerente do Depecon, como papel e celulose já
estão sentindo fortemente os efeitos do aumen-
to do dólar. No entanto, é preciso ter uma esta-
bilidade, do contrário ca difícil fazer qualquer
planejamento. Mas a questão é que a maior parte
das indústrias não estão focadas na exportação.
“A maior parte da produção industrial brasileira é
para o mercado interno, que está enfraquecido. A
recuperação das exportações é importante para a
atividade industrial, mas o grande fator de recu-
peração deve vir do mercado interno.”
Como cada setor tem suas peculiaridades, re-
solvemos ouvir alguns presidentes de Sindicatos
para saber o que eles esperam. O presidente do
Sietex (Sindicato das Indústrias de Especialidades
Têxteis do Estado de São Paulo), Paulo Henrique
Schoueri, tem participado e acompanhado ativa-
mente todos os movimentos que pedem mudan-
ças no Brasil. “Esperamos que o novo governo
que se inicia traga consigo a consciência de que o
apoio popular será necessário e não se conquista
apenas com retórica. Precisamos de um objetivo
de nido, redução da carga tributária, redução do
Estado e sua máquina, limitação no número de
Esperamos que
a nova equipe econômica
compreenda a gravidade
desta situação.
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